Porque os aparelhos auditivos custam caro?

Uma das perguntas mais frequentes que recebemos é ‘Por que os aparelhos auditivos custam tão caro?‘. É uma pergunta mais do que compreensível, já que aparelhos auditivos requerem um investimento alto. Aos recém-chegados: recomendamos fortemente que você leia o post inteiro, com calma.

Quanto custa um aparelho auditivo?

Geralmente, o preço de UM aparelho auditivo varia entre R$2.000 e R$15.000.

O custo de AASI’s tipicamente inclui a audiometria inicial, a consultoria do profissional, a consulta para fazer o molde, o molde (ou vários) e as posteriores consultas para ajustar os aparelhos durante um período pré-determinado de tempo. Também costuma incluir revisões e a garantia, que pode ser de 1 até 3 anos. Às vezes, o valor inclui pilhas também.

Porque os aparelhos auditivos são tão caros?

Os preços dos AASIs incluem as consultas iniciais e as posteriores que serão feitas pelo seu fonoaudiólogo. Portanto, você não estará pagando apenas pelo aparelho, mas também por todo o serviço incluído.

Ainda, o processo de fabricação de aparelhos auditivos é caro, por ser resultado das pesquisas necessárias para a evolução da tecnologia auditiva. Milhões de dólares são gastos anualmente pela indústria para melhorar continuamente o funcionamento destes dispositivos.

As questões regulatórias e de registro, no Brasil, encarecem cada vez mais o seu custo. Embora a carga tributária que incide sobre um AASI seja baixa e eles sejam isentos de vários impostos (leia sobre isso aqui) a burocracia envolvida na sua aprovação e registro no Brasil requer custos exorbitantes, e se torna cada vez mais complexa. É por isso que um AASI lançado no exterior chega aqui às vezes dois anos depois (isso, quando chega).

O número de aparelhos auditivos vendidos todo ano ainda é muito pequeno, fazendo com que o custo continue alto. Em comparação, aparelhos celulares são muito comuns, permitindo que a prosperidade dessa indústria e, como resultado, os consumidores pagam mais barato por eles.

Ajuda se você pensar nos AASIs como um investimento a longo prazo. Considere o seguinte: se você compra um par por R$10.000 e o mesmo dura quatro anos, você está gastando R$208 por mês, ou R$6,84 por dia.

Porque alguns aparelhos auditivos são muito mais caros do que outros?

Há uma enorme variedade de aparelhos auditivos no mercado hoje para atender aos mais diferentes estilos de vida e bolsos. Duas coisas determinam o preço destes dispositivos enquanto produto: estilo e tecnologia.

Estilo: Hoje em dia, os AASI’s vão desde os minúsculos que ficam dentro do canal auditivo até os mais largos que ficam atrás da orelha. Os menores são em geral mais caros graças à precisão e tecnologia necessárias para criá-los e também à dificuldade de fazer com que uma tecnologia tão avançada caiba num dispositivo tão pequeno.

Tecnologia: Todos os aparelhos auditivos têm uma tecnologia básica de processamento de som, mas alguns possuem tecnologias mais avançadas do que outros.  Os mais caros têm as últimas novidades em tecnologia de redução de ruído, conectividade sem fio, etc. Portanto, são logicamente mais caros que os modelos básicos.

Porque não é boa ideia comprar aparelhos auditivos baratos online?

Um aparelho auditivo é um equipamento médico complexo e precisa ser ajustado corretamente por um fonoaudiólogo. AASI’s devem se adequar ao estilo de vida, aos ouvidos e à perda auditiva do paciente.

No Brasil, pelo que nos consta, não é permitida a venda online de aparelhos auditivos – até existem alguns sites que oferecem apenas o produto, sem o serviço, mas observe que eles nunca são 100% transparentes, não há CNPJ, endereço, contato, nada que identifique quem realmente vende.

Os aparelhos ‘baratos’ que você vê online, em geral, são amplificadores auditivos que podem até mesmo prejudicar a sua audição. É impossível que você mesmo consiga, sozinho, descobrir qual o melhor AASI para o seu caso ou então ajustá-lo depois. Você irá precisar de um fonoaudiólogo tanto na escolha, quanto na regulagem/adaptação.

Aparelhos auditivos são mais baratos no exterior?

No Brasil, com o dólar geralmente nas alturas, não compensa – na maioria dos casos – você comprar aparelhos auditivos no exterior. A não ser quando, após consulta com um fonoaudiólogo de confiança, você já saiba exatamente qual modelo vai comprar. Aí, caso o modelo esteja com o preço muito mais em conta lá fora, pode ser bom negócio se você tiver o valor total, pois parcelamento não será uma opção.

Lembrando sempre que você terá que pagar separadamente pelos ajustes do seu aparelho no Brasil. Não é possível saber, com certeza absoluta, de quantas consultas de ajuste um paciente precisa para ficar bem adaptado.

Informe-se sobre a garantia internacional que algumas marcas de AASIs fornecem para quem os compra num país, mas os ajusta e reside em outro país. Neste site você consegue facilmente descobrir preços médios de AASIs nos Estados Unidos.

A reclamação dos pacientes

A maioria das pessoas, ao descobrir que precisa de aparelhos auditivos, não faz ideia da sua média de preço. Ao chegar à loja/consultório, imagina que custe tanto quanto um par de óculos. E muita gente desiste da reabilitação auditiva quando descobre que não é assim.

Quando lemos ou ouvimos que “ouvir não tem preço“, discordamos. Tem um preço, sim, e para podermos ouvir também precisamos ter condições de arcar com esse preço.

É fácil falar para alguém pegar um empréstimo e comprar o AASI que precisa. Mas e quem não tem acesso a crédito? Ou ao valor que precisa de crédito? E as pessoas que irão se endividar durante 4 anos ou mais para pagar por um AASI e, um ano depois, ele não servirá mais para a sua perda auditiva? Há que se pensar nisso, pois ocorre com frequência.

Também compreendemos o lado do paciente que, como qualquer consumidor, busca o melhor preço. Se ele quer comprar o produto e pagar pelos serviços do profissional de sua confiança separadamente, ele deveria poder fazer isso de forma descomplicada. Especialmente porque muitos pacientes não irão precisar de 5, 10 ou 15 consultas até estarem adaptados aos novos AASIs.

A reclamação dos profissionais

Muitos fonoaudiólogos reclamam sobre a comissão pela indicação que médicos cobram deles. Pelas informações que temos, as marcas de AASI no Brasil seguem regras rígidas de compliance, o que significa que elas não podem pagar comissão para médicos, sob pena de ter que responder criminalmente por isso.

Quando um profissional paga ‘comissão’ para outro, está ferindo códigos de ética e conduta e, principalmente, destruindo a confiança dos pacientes. Ninguém é obrigado a pagar ‘comissão’ e, quem o faz, está bem ciente dos motivos que os levam a fazer e das consequências disso. Denúncias devem ser feitas aos órgãos competentes.

O Art. 87  do Código de Ética Médica, diz: É VEDADO ao médico remunerar ou receber comissão ou vantagens por paciente encaminhado ou recebido, ou por serviços não efetivamente prestados.

As grandes marcas, ao mesmo tempo em que vendem AASIs em lojas próprias, também fornecem AASIs para fonoaudiólogos venderem nas suas clínicas. É uma competição difícil. Mas é como a banda toca no mundo inteiro.

Para acontecer a separação entre produto e serviço, os fonoaudiólogos explicam que,  tributaria e legalmente falando, é preciso que a loja ou profissional possua dois CNPJ’s. Um de produtos (com tributação muito menor) e um de serviços (com tributação em média de 17%). Isso encarece os seus custos e nem todos (especialmente aqueles com pequenas lojas ou clínicas) terão condições de arcar com eles.

Os profissionais também reclamam da falta de valorização profissional, pois os pacientes costumam achar que tudo é grátis e que um fonoaudiólogo deve trabalhar grátis. Em defesa das pessoas com deficiência auditiva, precisamos dizer: infelizmente, o modelo praticado há décadas no Brasil e no mundo passa a impressão de que tudo é ‘grátis’. Basta ver as propagandas de AASIs ou entrar nos sites de variadas empresas.

Os consumidores são apenas a ponta do iceberg, e suas percepções da indústria como um todo são fruto de suas experiências e da comunicação que recebem. É preciso mais transparência e consistência na comunicação.

Definitivamente, não posso pagar! E agora?

Clique aqui e leia o post que preparamos para que você tenha as informações que precisa sobre como conseguir o seu aparelho auditivo através do SUS. É direito de todo cidadão brasileiro ter acesso à saúde auditiva através do Sistema Público de Saúde.

Como já foi sugerido por alguns fonoaudiólogos (e nós concordamos): os pacientes deveriam dedicar mais atenção e cobrar mais do governo sobre verbas e profissionais de saúde auditiva destinados ao SUS. A percepção de que tudo o que vem do SUS é ruim ou de que o SUS nos faz um ‘favor’ ou nos ‘dá’ algo precisa ser quebrada. O maior agente fiscalizador é o cidadão!

Dicas para novos usuários

Busque indicações com pessoas de confiança (seja de profissionais, marcas ou modelos de aparelhos).

Pense no seu estilo de vida e se o AASI que você quer comprar se encaixa nele, mas não esqueça que o mais importante é que o aparelho auditivo atenda a sua perda auditiva e tenha reserva de potência para o caso dela vir a piorar. 

O atendimento pós-venda é fundamental. Recebo diariamente de reclamações de pessoas que se sentiram lesadas ao comprar aparelhos auditivos, por isso, não posso cansar de repetir: conhecimento é poder. Leia e informe-se antes sobre o assunto.

Acredito que cada vez mais larga na frente quem tem a transparência como premissa, além, é claro, do atendimento ético.

A questão explicada por um fonoaudiólogo

Dr. Cliff possui um canal no Youtube com quase 80.000 assinantes e tem ótimos vídeos explicativos. Neste vídeo abaixo, ele fala quais são os 5 principais motivos que tornam os aparelhos auditivos caros, na sua visão.

  1. Pesquisa e desenvolvimento de novos produtos
  2. Não é um mercado de massa (mesmo que haja mais de 466 milhões de pessoas no mundo com DA incapacitante)
  3. Falta de competição (6 grandes fabricantes mundiais)
  4. Ainda não há AASIs vendidos diretamente ao consumidor (só o produto)
  5. O custo envolve produto e serviço

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Comentários

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